A ameaça do plástico tradicional para a biodiversidade
Publicado em 11/09/2023

A ascensão do plástico tradicional derivado do petróleo tem lançado uma sombra crescente sobre a biodiversidade global.
Com uma produção anual que atingiu a marca assombrosa de 368 milhões de toneladas métricas em 2019, o plástico representa uma das invenções mais marcantes da humanidade, porém com um preço ambiental desolador. Enquanto sua utilidade é inegável, sua persistência na natureza tem desencadeado uma crise silenciosa, prejudicando ecossistemas terrestres, aquáticos e marinhos de formas, muitas vezes, irreversíveis. Esse prejuízo é atribuído à sua baixa e lenta degradação, combinada com uma produção, utilização e descarte insustentáveis. Com o avanço de pesquisas e levantamentos, estamos cada vez mais cientes do real – e triste – impacto do plástico na fauna e na flora.
Um artigo publicado na Nature Ecology & Evolution em abril de 2023 teve como objetivo explorar o papel do plástico flutuante no transporte e na persistência de organismos costeiros em mar aberto. Os pesquisadores coletaram 105 itens na Grande Mancha de Lixo do Pacífico e descobriram que o plástico acumulado nessa parte do oceano está hospedando espécies que não são naturais desse ecossistema. Na opinião deles, isso poderá alterar fundamentalmente os processos ecossistêmicos do ambiente – não necessariamente para melhor.
Outra pesquisa publicada em 4 de julho na Nature Communications, estudou o risco de exposição ao plástico para aves oceânicas. Os autores do estudo identificaram pontos alarmantes nos mares Mediterrâneo e Negro, e nos oceanos Pacífico, Atlântico Sul e sudoeste do Índico. Ainda, constataram que as espécies ameaçadas de extinção apresentam maior risco de exposição, mas que a ingestão do material pelos animais depende de muitos fatores como tamanho do corpo, tendência a regurgitar, morfologia intestinal, tipo de presa, idade e estágio reprodutivo.
A persistência do plástico não renovável no ambiente é um fato. Enquanto pesquisas demonstram a urgência de ações que mitiguem os danos causados por ela, países estão correndo contra o tempo para criar um acordo global juridicamente vinculativo contra poluição plástica até 2024. Conforme a Resolução adotada pela Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente em 2 de março de 2022, o tratado deve abordar o ciclo de vida completo do plástico, a fim de promover uma produção e um consumo sustentáveis através do design inteligente de produtos e de uma gestão de resíduos ambientalmente saudável.
O acordo é uma esperança, mas o caminho ainda é longo. Hoje, mais de 90% dos plásticos produzidos globalmente são derivados de matérias-primas fósseis virgens. Não dependem, portanto, da biodiversidade para serem produzidos, mas a prejudicam assim que são jogados “fora”.
A organização Ellen Macarthur Foundation alerta que “a perda de biodiversidade é amplamente reconhecida como um risco sistémico que ameaça não só a nossa prosperidade, mas o nosso próprio futuro como espécie”. Reconhecida mundialmente pela sua atuação em prol de uma economia circular, a organização acredita que a compostagem permite que o plástico circule na economia sem ser desperdiçado e sem poluir o meio ambiente. A ERT assume essa missão e busca, por meio de estudos, investigações, oferecer soluções biodegradáveis e compostáveis. Nosso biocomposto tem como principal componente o PLA (biopolímero de poliácido láctico) e a cana-de-açúcar é a matéria-prima utilizada para a sua produção. Ao final da vida útil, nossos bioplásticos são compostáveis e evitam o acúmulo de materiais em áreas naturais. Estamos fazendo a nossa parte para recriar o futuro do plástico, garantindo a perenidade de ecossistemas e da biodiversidade.
Fontes:
https://www.nature.com/articles/s41559-023-01997-y
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0165993623000717
https://www.nature.com/articles/s41467-023-38900-z
https://ellenmacarthurfoundation.org/plastic-packaging-examples