Por que não oxi? – os plásticos oxidegradáveis são «uma espécie de substituição da poluição visível pela invisível», gerando microplásticos. –
Publicado em 27/02/2023
Por que não oxi? - os plásticos oxidegradáveis são "uma espécie de substituição da poluição visível pela invisível", gerando microplásticos. -

As sacolinhas distribuídas nos supermercados se tornaram um símbolo da (triste) dependência que a humanidade desenvolveu por um dos maiores vilões do século passado: o plástico descartável. Felizmente, hoje em dia, vemos muitas pessoas carregando suas ecobags ou reaproveitando outras sacolas para levar as compras, abrindo mão de um item que seria descartado logo em seguida. Mas essa mudança de hábitos é fruto de leis, normas, incentivos e, principalmente, informações que têm sido espalhadas pelo mundo. Um relatório publicado em 2018 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) constatou que, até aquele ano, cerca de 66% dos países analisados – 127 de 192 – haviam adotado algum tipo de legislação para regular o uso das sacolas plásticas. No entanto, a poluição plástica vai além das meras sacolinhas. Para reduzir efetivamente a quantidade de derivados do petróleo que se acumulam no ambiente natural, foi necessária uma troca de material.
Os bioplásticos surgiram como uma alternativa inteligente. Mas, junto deles, vieram também opções que prometem diminuir a poluição no planeta, mas nem sempre cumprem essa função, como os plásticos oxidegradáveis ou oxodegradáveis. Podemos enendê-los como um plástico convencional misturado com um aditivo que facilita sua desintegração (e não biodegradação).
Nós, consumidores, encontramos produtos feitos com esse material sob a premissa de ser biodegradável. Será que são? Em artigo apresentado no VI Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental, que aconteceu em Porto Alegre/RS no ano de 2015, pesquisadores analisaram a degradação de sacolas de polímero oxidegradável durante um período de três anos. O resultado: a amostra de sacola não apresentou modificações significativas na sua estrutura química e a degradação foi pouco expressiva durante o período de análise.
Os resultados dessa «degradação» do plástico oxi ou oxo são imprevisíveis e podem gerar resíduos extremamente danosos aos ecossistemas. A União Europeia, em Livro Verde sobre a estratégia do bloco para os resíduos de plástico no ambiente, publicado em 2013, ressaltou que os «plásticos oxodegradáveis podem contribuir para a carga de microplásticos que acaba no meio marinho, contribuindo, assim, para aumentar sensivelmente o risco de ser ingeridos por animais». Além deles, a ABIPLAST – Associação Brasileira da Indústria do Plástico – divulgou em 2015 o seu posicionamento com relação aos aditivos pró-degradantes incorporados aos materiais plásticos. No documento, a organização reitera que «não recomenda a utilização de materiais plásticos aditivados com pró-degradantes na fabricação de sacos e sacolas, bem como de outros produtos plásticos, com a promessa de que sejam amigos do meio ambiente”. Para justificar o alerta, o texto explica que o processo ocorre em plásticos de origem fóssil – como o petróleo – com a utilização de aditivos a base de sais metálicos e que geram moléculas de menor massa molecular, não biodegradáveis. É como tapar o sol com a peneira. Parece bom, mas não resolve.
Diante de tudo isso, fica fácil de entender por que não oxi (ou oxo), certo? Mas para concretizar essa ideia, vamos fazer das palavras de Joaquim Maia Neto, consultor do Senado Federal na área de meio ambiente, as nossas: os plásticos oxidegradáveis são «uma espécie de substituição da poluição visível pela invisível». E por invisível, nos referimos ao microplástico. Mas por que a ERT é diferente? Além do fato de os nossos biocompostos terem como principal componente o PLA (biopolímero de poliácido láctico) e a cana-de-açúcar, a degradação de nossos produtos é certificada pelo selo TUV OK compost industrial, garantindo a biodegradabilidade de todos os seus componentes em uma usina de compostagem. Portanto, no final de sua vida útil, os materiais produzidos com o nosso biocomposto são compostáveis e, em condições específicas, irão se decompor em matéria orgânica em até 180 dias. Aqui a solução é de verdade.
Fontes:
https://en.tuv.at/ok-compost-industrial-en/
https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/5134/1/Caroline%20Alvarenga%20Pertussatti.pdf
https://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2015/VIII-030.pdf